terça-feira, 22 de novembro de 2011

Vitor Raposo chega a Lisboa, é detido pela PJ, ouvido e depois libertado

Vítor Raposo, ex-deputado do PSD, sócio de Duarte Lima no negócio dos terrenos de Oeiras, continua hoje a ser interrogado no processo de fraude fiscal e branqueamento de capitais que levou à prisão preventiva do ex-líder parlamentar.

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Vitor Raposo, acompanhado do seu advogado, chega à Polícia Judiciária (C.M.)

O empresário, que chegou ontem da Guiné-Bissau, é sócio maioritário, gerente ou administrador de 36 empresas, que operam em ramos tão distintos como imobiliário, media, decoração e hotelaria. Há ainda outras cinco empresas em que Vítor Raposo faz parte da administração, juntamente com um irmão, César Augusto Igreja Raposo.

A sua declaração de rendimentos não espelha, no entanto, a extensa actividade empresarial. Disse em 2009 que ganhou apenas 31 mil euros. Em 2008, declarou valores idênticos, enquanto em 2007 os números apresentados eram de 34 mil euros.

Anteontem, Vítor Raposo regressou a Portugal e, acompanhado do seu advogado, Paulo Sá e Cunha, dirigiu-se à Polícia Judiciária, na rua Alexandre Herculano, em Lisboa. O empresário não evitou que os inspectores da Polícia Judiciária o detivessem e o levassem nessa qualidade - de detido - a primeiro interrogatório judicial. Ouvido pelo juiz Carlos Alexandre, foi libertado pelas 20h30 e regressou a casa. Continuará a ser interrogado hoje, às 14.30 horas.

No processo em que agora está a ser interrogado, Vítor Raposo, juntamente com Pedro Lima, era o sócio maioritário do fundo Homeland. Possuíam, cada um, 42,5% das unidades de participação. Era através desse fundo que os dois sócios pretendiam adquirir os terrenos em Oeiras, onde o Instituto Português de Oncologia poderia vir a ser instalado. Duarte Lima terá dado informações privilegiadas à Homeland.

TRÊS MILHÕES NO FUNDO DO BAIRRO DO ALEIXO

Vítor Raposo é titular de 60% do Fundo de Investimentos Imobiliários (FEII) - o que corresponde a três milhões e seiscentos mil euros - que foi constituído com vista à demolição do bairro do Aleixo, no Porto. Em documento aprovado em 2009, a câmara estipulava que o FEII seria constituído com o capital de seis milhões, tendo como principais participantes Vítor Raposo (ou uma entidade em que fosse sócio maioritário), a Espart - Espírito Santo Participações Financeiras SA (ou outra entidade do grupo Espírito Santo) e o município. O contrato recebeu o visto do Tribunal de Contas em 10 de Março de 2010 e, durante esse ano, o FEII foi constituído com a designação de Invesurb. Mereceu a aprovação da CMVM. (C.M)