quarta-feira, 20 de junho de 2012

Isolamento extremo do “novo regime” fomenta tensões


O severo isolamento externo a que está sujeito o regime constituído na Guiné-Bissau na esteira do golpe de Estado de 12 de Abril, está a dar azo a sentimentos de intranquilidade e desconfiança entre as novas autoridades. Enraízada uma percepção segundo a qual o isolamento, a manter-se, tornará transitório o actual poder. O General António Indjai, de facto o líder do golpe, é a “autoridade suprema”. Não se confirmou o anunciado compromisso de transmitir o poder às autoridades políticas de transição. Controla a acção das mesmas através de interferências protagonizadas por si próprio ou delegadas noutros membros do chamado “núcleo duro”.

Para a presente deterioração da situação também contribui uma aparente mudança de atitude da CEDEAO e de países da própria organização. A mudança está reflectida numa menor complacência em relação ao status quo criado pelo golpe e numa propensão maior face a uma nova solução para a crise. Há cerca de 5 dias, Indjai participou numa reunião do conselho de ministros, na qual interveio activamente. O fito foi o de “travar” nomeações para cargos na administração e nas empresas públicas baseadas em escolhas da responsabilidade de Serifo Namadjo e do PM, Rui de Barros.

Algumas das referidas escolhas haviam sido patrocinadas por Kumba Yalá. As obstruções de Indjai à implantação de influências de Yalá são remetidas para o propósito de o manter politicamente ofuscado; também se destinam, todavia, a vingar a sistemática oposição que o mesmo faz a tentativas de nomeação de Sanhá para o Governo. Tem vindo a ser assinalada nas Forças Armadas a existência de grupos, geralmente influenciados por oficiais subalternos, os quais exteriorizam sinais de desgaste e descontentamento descritos como reacções a sentimentos de desigualdade em relação aos chefes e de apreensão quanto ao futuro. AM