quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A distância entre libertadores e opressores


Segue em preparação, mais uma reunião magna, que deverá decidir o próximo líder, logo, o mais que provável Primeiro-Ministro, de um governo por legitimar, pelo partido a precisar de profundas remodelações, que para o bem e para o mal, vai moldando toda a nossa convivência, enquanto sociedade e país. Por isso importa especial preocupação, todas as diligências, dos outrora, libertadores.

Fundado por personalidades de uma primeira geração independentista, souberam essas definir claramente, todos os diferentes objectivos, imediatos e mediatos, dessa natural pretensão humana, de conviver em plena liberdade. Enfrentando vários sacrifícios, também souberam ultrapassar as múltiplas consequências, das inevitáveis inconveniências, previsíveis e imprevisíveis, inclusive, o brutal assassinato daquele que para eternidade, será o nosso maior guia; aquele cujo ensinamento passou a ser, um inesgotável património universal, que sem falsos constrangimentos, deverá ser partilhado, por todas as organizações, da nossa esfera política. Partido que sob uma disciplinada orientação ideológica, bastante adequada a nossa realidade de então, e ainda hoje, complexa, conseguiu uma proeza de referência internacional, para tudo culminar na gloriosa independência nacional. Esse bocado dito, para lembrar, quanta responsabilidade carregará o próximo líder do PAIGC, para finalmente, conduzir essa calejada formação política, que paradoxalmente, tem sido para a nossa sociedade, fundamental e calamitosa, rumo a uma modernização, sem mais tempo, para adiamentos.

Num cada vez mais progressivo, abandono das competentes linhas ideológicas traçadas no passado, deixou-se acomodar na dinâmica desse grande partido, (falo da grandeza, na sua vertente volumétrica!) uma prática intriguista, visando unicamente, o sustentar de uma guerrilha feroz, implicando atrocidades de todos os tipos, dentro, e fora dessa organização, tudo, para a garantia do acesso facilitado, aos lugares de destaque, no seu mecanismo, esse, a descaracterizar-se, eles, na procura de um quinhão qualquer, ainda que por alguns dias, para uma miserável sobrevivência pessoal e familiar.

Lugares esses, que também vão sendo cada vez mais desprestigiantes, como tantas evidências, não deixam equívocos. Prática tão sórdida, que com eles, levam para o aparelho estadual, sempre que para a direcção do país, são comprometidos. E é precisamente esse, o mais crucial de todos os desafios, para o líder a surgir, depois do anunciado congresso em preparação. O desafio de devolver ao histórico partido, uma orientação ideológica válida e funcional, e com isso, influenciar positivamente, toda a nossa classe política, para a adopção de uma postura comum, democratizada, para fazer frente, às altas exigências governativas, nesses tempos, em permanente evolução, por mérito de significativos avanços, nas tecnologias de comunicação.

Comunicação, fenómeno essencial e ancestral, tanto quanto, as próprias sociedades; fenómeno do qual, os líderes políticos sempre serviram, e agora mais do que nunca, com o alastrar dessa grave crise económica mundial, com marcantes consequências morais, deve servir, para manter uma afinidade sustentável e convincente, junto dos governados; fenómeno do qual, o dirigente máximo, a resultar da nova escolha dos congressistas do PAIGC, deverá servir com distinção, e com eficiência, na ocasião da disputa política, pela liderança do país, para melhor conquistar mais eleitorado possível, mas sobretudo, um eleitorado jovem, letrado, politizado, muito ansioso por assistir, e também beneficiar, das verdadeiras mudanças qualitativas, a tempos demais, desejadas, na vida nacional.

Portanto, estará o homem que deverá seguir, perante uma oportunidade singular, na nossa infinita caminhada, enquanto nação, rumo à conquista da felicidade. Mas antes, com extrema coragem, e determinação suficiente, deverá esse líder partidário por escolher, empreender uma perspicaz reforma, no interior da sua formação política, para com doses acertadas de sensatez, afastar dos lugares mais influentes, afastamento esse, que também os deverá deixar, fora das posições elegíveis, para os assentos na Assembleia Nacional Popular, muitos dos elementos desgastados, que por se deixarem depender tanto, das benesses do partido, sobrevivem sabotando, todas as tentativas de regeneração.

A resiliência de uma ideologia nitidamente estabelecida, deverá também servir, para afastar toda a classe política, da dependência de financiamentos ilícitos, oriundos das redes criminosas, em franca propagação na nossa costa continental, e sempre muito bem-dispostas, a corromperem organizações políticas, ou mesmo, apropriarem-se das mais importantes dessas estruturas, nos estados mais debilitados, como é o nosso caso, fazendo eleger, os seus colaboradores directos.

Se antes, em quase todo o mundo, os políticos sem vocação alguma, para a nobreza da classe, deixavam-se usar, pelas redes criminosas, servindo de sarjetas, para uma constante descarga, das fétidas imundícies, provenientes das lavagens de capitais ilícitos, agora é a própria perversidade, a ambicionar as mais decisivas representações, na hierarquia dos estados, sejam esses, fortes, ou fracos, para melhor facilitar uma completa impunidade, e um acelerado enriquecimento dos facínoras.

Restam duas advertências, que são as seguintes:

1 - O próximo líder do PAIGC, logo, o nosso mais que provável, Primeiro-Ministro, não deverá ser um dos militantes, com um apurado traquejo, para melhor manipular consciências, tendo como instrumentos sempre inconstantes, os tais profissionais da intriga, dentro e fora do partido. Mas sim, um dos militantes, com uma visão apurada, para definir melhores linhas de orientação ideológica, para repor em andamento, o já bem planificado, programa máximo.

2 - O próximo líder do PAIGC, logo, o nosso mais que provável Primeiro-Ministro, não deverá ser um dos militantes, com fama empreendedora, como tudo o que isso constitui, numa sociedade como é a nossa, para melhor provocar inveja, aos tais parasitas, dentro e fora do partido. Mas sim, um dos militantes, com dignidade humana, com tudo o que isso constitui, numa sociedade como é a nossa, para servir de modelo, a todos os pretendentes, ao qualquer desempenho de funções, tanto, no sector público, assim como, no sector privado.  

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.

Flaviano Mindela dos Santos