segunda-feira, 26 de agosto de 2013

"Vês e escreves o que o teu povo vê e sente"


"Meu caro Aly!

O teu blog é desde há muito uma referência na informação que todos desejamos, séria honesta, mas naturalmente com opinião. Isso aliás é o que para mim, te diferencia dos “outros”. Porque tu tens opinião, e não tens medo de a assumir. Mesmo que signifique uns cortes na orelha, material de trabalho a menos, alguns arrepios no corpo, alguns calafrios na alma!

Nem sempre estive de acordo contigo, melhor, nem sempre estou, mas é essa diferença que me “obriga” a ler-te. E depois porque sei que ao contrário de muitos tu és em primeiro lugar um guineense pró Guiné-Bissau, patriota, livre, desenvolvido e activo. Tu vês e escreves o que o teu povo vê e sente, e porque eu também o vejo e sinto, estou do teu lado.

E escrevo esta mensagem porque tal como eu, pareces ser o único blogger guineense a defender um dos mais elementares princípios da Constituição, o direito democrático ao voto. Que estranhamente, gente que vive deste lado do Atlântico não considera como direito do povo guineense. Eu, como português, ex-residente na Guiné-Bissau, filho adoptivo dessa terra fantástica, sou insultado porque defendo esse valor que me parece primário para quem defende os valores de direito e da democracia! Eu sei porquê. Porque para alguns a democracia só é exercida se defender os seus interesses. Na GB como aqui, ou noutros sítios aliás!

A Guiné-Bissau não é a quinta de A, B, ou C, a Guiné-Bissau é, e terá que ser sempre aquilo que o seu povo, mais ou menos inculto, mais ou menos informado, quiser. A Guiné-Bissau é a soma dos interesses dos seus cidadãos! E isso decide-se nas urnas!

Já vimos porém que infelizmente para alguns, urnas significa caixão. Estupida língua portuguesa tão cheia de rasteiras. Para isso vai-se ameaçando, protelando, mantendo o povo refém na sua própria terra. Eleições? Mandem o dinheiro, que nós escolhemos a data e os candidatos. E já agora os resultados também, caso contrário repetimos o 12 de Abril se for caso disso!

E por isso legitimo para mim que todos, sem excepção, desde que respondam aos requisitos legais tenham o direito de concorrer, vencer, governar ou aceitar a escolha do seu povo! Custa muito entender estes princípios tão básicos? Nesta terra, infelizmente para este povo, parece que mais do que a dificuldade de o entender, existe a possibilidade pela força das armas de o evitar! Que ao povo da Guiné-Bissau seja dado o direito de escolher o seu futuro!

Marcelo"