quinta-feira, 5 de março de 2015

PRESIDENTE DA ANP: "Nada impede regresso de ex-PM Carlos Gomes Júnior à Guiné-Bissau"


O presidente do Parlamento guineense afirmou hoje, na Cidade da Praia, que “nada impede” o antigo primeiro-ministro Carlos Gomes, residente em Cabo Verde desde 2012, a regressar à Guiné-Bissau, garantindo que, se o decidir, terá a devida proteção. Cipriano Cassamá falava aos jornalistas no final da assinatura de um acordo de cooperação com o Parlamento cabo-verdiano, último ato oficial da visita que efetua a Cabo Verde desde segunda-feira, adiantando que se reuniu quarta-feira à noite com Carlos Gomes Júnior na Cidade da Praia.

“(Carlos Gomes Júnior) Foi e continua a ser um, grande dirigente da Guiné-Bissau. Trocamos algumas informações. Enquanto guineense, não há nada que possa impedir o seu regresso. Qualquer guineense que sai tem o direito de voltar. No dia em que pensar que está preparado para voltar ao seu país, será recebido com toda a proteção necessária em função do seu desejo”, afirmou Cassamá.

Segundo o presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) guineense, se sexta-feira, dia em que, às primeiras horas da manhã, regressa a Bissau, Carlos Gomes Júnior quiser seguir viagem com junto com a delegação, “será bem vindo”. “Não há nada que possa impedir Carlos Gomes Júnior de regressar ao seu país”, insistiu, dando a mesma resposta quanto ao ex-presidente interino Raimundo Pereira e ao antigo chefe do estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA) Zamora Induta, ambos a residir em Portugal, e ao jornalista António Aly Silva, que vive em Cabo Verde há cerca de ano e meio.

“É a posição de todos os atuais dirigentes da Guiné-Bissau. Todo e qualquer guineense que neste momento se encontra fora do seu país tem direito a voltar. Depois das eleições de 13 de abril de 2014, nós, enquanto novas autoridades, estamos empenhados na consolidação e estabilização da paz civil e na construção de uma nova Guiné-Bissau, no quadro de uma reconciliação que nós todos almejamos”, concluiu.

Carlos Gomes Júnior foi afastado do Governo na sequência do golpe de Estado de 12 de abril de 2012, na noite da véspera da segunda volta das eleições presidenciais de então, a que se apresentava contra Kumba Ialá, o carismático líder do Partido da Renovação Social (PRS) e que foi chefe de Estado guineense entre 2000 e 2003, altura em que foi derrubado também através de uma sublevação militar.

Com Carlos Gomes Júnior “caíram” também o presidente interino de então, Raimundo Pereira, e o na altura ex-CEMGFA, Zamora Induta, com o primeiro a mudar-se para Lisboa e o segundo a ser detido e, posteriormente, libertado pelas autoridades da transição. António Aly Silva, proprietário do polémico “blog” guineense Ditadura do Consenso, acabaria detido pelos militares golpistas durante 12 horas no dia seguinte ao golpe de Estado e fugiu, em outubro, para Portugal, via Senegal, face às ameaças à integridade física por parte dos revoltosos devido às críticas às autoridades da transição. Lusa