quinta-feira, 11 de novembro de 2004

Os cães da guerra


Um obrigado ao Rodrigo Moita de Deus, pela atenção e citação.

Na Europa, é costume ter empresas comerciais a cuidar da segurança das nossas residências, dos supermercados, das agências bancárias, dos transportes de valores e das pessoas sob risco de sequestro para o fim único de extorsão patrimonial. Na altura devida, todos proclamam seguir o modelo militarizado dos “capacetes azuis” da Organização das Nações Unidas (ONU). Essas multinacionais contam nos seus quadros com generais reformados, plenos de experiências adquiridas em diferentes campos de batalha e carregados de medalhas por bravura. Essas sociedades comerciais são chamadas de Private Military Companies (PMC). Não fossem as formalidades e as cláusulas dos contratos sociais de constituição – que as colocam na legalidade como pessoas jurídicas –, poderiam ser confundidas e passarem por associações hierarquizadas de mercenários.
Como regra, as PMC são contratadas para vigiar, proteger e treinar, em países pobres ou em desenvolvimento – marcados por reais ou potenciais conflitos –, os ditadores e os chefes de Estado ou de governo. Protegem, ainda, a vida dos líderes de oposição, ou seja, desde que classificados na categoria daqueles que não podem sofrer atentados, em razão de estarem afinados com interesses de grandes potências ou de antigos colonizadores. As PMC são muito requisitadas por grupos económicos que exploram, pelo Terceiro Mundo, rendosas actividades extractivas. Hoje, por exemplo, encontram-se nessa situação os representantes de cerca de 600 sociedades comerciais que, desde o tempo da colonização francesa, exploram, em enormíssimas fazendas, a cultura do cacau na Costa do Marfim. Pode-se afirmar ainda que as PMC já viraram moda na África e na Ásia. É, pois, fundamental a manutenção de negócios e interesses geopolíticos.Para se ter uma ideia, até o corpo de funcionários e de voluntários da UNICEF, enviados ao Afeganistão e ao Paquistão, foi garantido pelas PMC. A MPRI formou igualmente grupos de combatentes para acções no Kuwait, na Colômbia, na Guiné Equatorial e na Nigéria – mas sóo depois da morte do ditador-general Sani Abacha. Na Costa do Marfim, as contratadas PMC e os seus homens apelidados de war dogs, armados até os dentes, protegem as empresas que exploram as fazendas de cacau (primeira produtora mundial), algodão e café (sexta produtora). Evitam invasões e repelem ataques promovidos pelos grupos étnicos em conflito e por mercenários liberianos, sul-africanos, israelitas, checos, bielorussos, búlgaros e ucranianos. Portanto, mercenários e o grupo étnico dos betés sustentam o presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo. No meio de tudo isso, circulam tropas enviadas pelo presidente Jacques Chirac, hoje inimigo de Gbagbo, para proteção de uma comunidade francesa estimada em 17 mil pessoas. Revoltas, atentados, massacres e luta pelo poder caracterizam a Costa do Marfim dos nossos dias e representam um bom nicho comercial para as PMC. Em 1960, recorde-se, este país da África Ocidental livrou-se da colonização francesa tendo Félix Houphouët-Boigny assumido a presidência. No papel de “pai da pátria”, tornou-se num ditador e corrupto e exerceu o poder até à sua morte em 1993.A partir de 1993, o racismo, a xenofobia e os genocídios ganharam espaço na vida da Costa do Marfim, a ponto de Jacques Chirac ameaçar apresentar queixa no Tribunal Penal Internacional. Escusado será dizer que o país transformou-se num território regado a sangue e nele a protecção dada pelos grupos armados consegue preservar as vastas áreas de cultivos de cacau, café, algodão, sisal, óleo de palma, abacaxi, tabaco, etc.

Ideologia barata
O falecido Houphouët-Boigny, aquando da independência da França, abriu as fronteiras da nova República da Costa do Marfim aos povos vizinhos. O objectivo foi atrair mão-de-obra barata, com o aproveitamento da situação de desemprego na Libéria, Gana, Mali e Burkina Fasso. Hoje, o país conta com uma população à beira dos 11 milhões de habitantes, em que mais de 25% são originários de diferentes países africanos. Henry Konan Bédié, da etnia baoulé, sucedeu Houphouët-Boigny, manteve o governo nas mãos do Partido Democratico da Costa do Marfim. À semelhança de Slobodan Milosevic na ex-Jugoslávia, Bédié desfraldou a bandeira da ideologia nacionalista e partiu para a chamada “depuração étnica”. Apenas os nacionais “puros” podem possuir as terras e exercitar o direito de voto.Como cercou-se de corruptos que desviavam recursos internacionais, o governo de Bédié caiu internacionalmente em desgraça. E os grupos estrangeiros ligados à exploração do cacau apoiaram financeiramente os rebeldes do Movimento Patrótico da Costa do Marfim (MPCI), chefiados pelo general Robert Guei, que tomou o poder na noite de Natal do ano de 1999.O golpe militar durou pouco e, à força, em Outubro de 2002, o actual presidente Laurent Gbagbo, retomou o poder. No ano passado, o general Guei foi assassinado e suspeita-se que a guarda particular de Gbagbo, treinada por uma das PMC espalhadas pelo planeta, tenha sido a responsável pelo crime.Um dos líderes da resistência na Costa do Marfim é Alessane Dramane Ouattara, que chegou ao cargo de diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI). Antes disso, ocupou as funções de primeiro-ministro no governo de Houphouët-Boigny. Como os pais de Ouattara nasceram no Burkina Fasso, as leis discriminativas – fundadas na tal “pureza étnica” imposta por Bédié – com chancela Gbagbo, impedem que ele concorra à Presidência. Ouattara é da etnia dioula e muçulmano. O presidente Gbagbo, que esteve preso quando Ouattara era primeiro-ministro e teve de se exilar em Paris entre 1982 a 1988, é da etnia beté. É ligado aos evangélicos e aos Pentecostes.

O neo-colonialismo fica-vos tão mal
Os soldados franceses enviados por Chirac permanecem na Costa do Marfim. Sofrem frequentes ataques, pois o presidente Gbagbo nutre ódio pelos antigos colonizadores e deseja expulsar as empresas e os residentes franceses. Depois de o presidente Chirac ter ameaçado representar contra Gbagbo no TPI por genocídios, crimes contra a humanidade e manutenção de esquadrões da morte dirigidos por mercenários, veio o troco. Gbagbo propôs aliança aos norte-americanos.Como facilmente se percebe, este cenário é o ideal para as PMC, pois há conflitos, escaramuças, paramilitares, esquadrões da morte, mercenários, grupos étnicos e bandos armados em profusão.Nesse ambiente, não faltam armas leves e pesadas, combustíveis, telefones celular GSM e satélites do tipo Thuraya. Tudo proveniente de Burkina Fasso e, segundo fontes de inteligência, do Egipto e, surpreendentemente, da Líbia, sob embargo de compra de armas imposto pela ONU. As drogas são empregadas como moeda para a troca e a compra. Uma parte da droga fica na Costa do Marfim para cobrir as despesas de transporte, pois essas provêm de narco-estados fronteiriços, como Guiné Equatorial e Libéria. Em resumo, um grande caos no qual não falta a moda das Private Military Companies e uma pergunta: E agora, Chirac? - António Aly Silva

Yasser Arafat


Sem comentários.

sábado, 6 de novembro de 2004

A conta dos duros


A Costa do Marfim (Laurent Gbagbo) e o Senegal são os únicos países africanos, talvez do mundo, geridos do exterior. O 'gestor' é a França (Jacques Chirac), que, numa espécie de neocolonialismo camuflado põe e dispõe. Agora, são os próprios marfinenses que reclamam a sua identidade e pedem contas ao gigante europeu. Para já, fica a triste estatística, a preto e branco: dezenas de mortos jazem nas ruas de Abidjan. E ainda agora a coisa começou.

Absolutamente


quinta-feira, 4 de novembro de 2004

Ajude, vai ver que não dói nada...


Why Not?


sexta-feira, 22 de outubro de 2004

(integral) A rótula e, talvez, o braço


Como muita gente me escreveu (comunistas, traidores - não aqueles da revolução que o barbudo prega), então publico tudo. Podem contactar o meu advogado. Talvez seja o principio do fim do ditador FIDEL...
Fotografia da queda sacada... já nem sei onde.

quinta-feira, 21 de outubro de 2004

A voz deixou-nos


Letra do álbum «Nôs Morna» - Fotografia retirada do sítio www.ildolobo.com

terça-feira, 19 de outubro de 2004

Do Simpson, Bart Simpson


Guerra de colas


segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Guineense, não faça parte da estatística


A Guiné-Bissau é...

Ou
...é só para quem obedece;
...Só para quem não tem mais nada para fazer;
...Só para quem finge que faz;
...Só para quem não sabe o que quer;
...Só para políticos afectos a militares?

NOTA: Um doce a quem acertar!

Coisa de religiões...


Silêncio


A luz voltou a extinguir-se. Existe apenas escuridão

Coisas nossas, só nossas, muito nossas...


Fotografia (c) António Aly Silva 2004

...Bom, digamos que os 'putos' são os mesmos de há dezenas de anos a esta parte...

NÃO porque SIM


domingo, 17 de outubro de 2004

Um rebanho teimoso de mais


Fotografia (c) António Aly Silva 2004

Este é o reverendissimo Bispo de Bissau, D. José Camnaté. As suas palavras de PAZ e RECONCILIAÇÃO são, porém, contas de outro rosário. O Bispo conduz, sem margem para qualquer dúvida, um rebanho teimoso de mais...

O que é que a RTP faz em Bissau?


Fotografia (c) António Aly Silva 2004
Vou tocar na 'ferida'. Não faço a mínima ideia do que anda a RTP-África a fazer na Guiné-Bissau. A 'residência oficial' é um elefante branco desabitado e o jipe da empresa só anda quando há delegado ou chega alguém de Lisboa. E o jipe não anda porque não existe um delegado-residente. Porém, de cada vez que há um golpe de Estado, é um corrupio de chegadas de jornalistas ao aeroporto. Durante o golpe, foi uma catadupa de engasgos e asneiras. Se não têm nada para dizer ao menos combinem tudo de antemão. E tenham vergonha!

Vacas sagradas?


Fotografia (c) António Aly Silva 2004
Esta imagem é histórica. Faz parte de um mural que está na sede do PAIGC, partido com meio século de vida e de regresso ao poder na Guiné-Bissau.

Desejo


Fotografia (c) António Aly Silva 2003

sábado, 16 de outubro de 2004

E os políticos, senhores?


Fotografia F.Fadul (c) António Aly Silva 2004 - Artur Sanhá (DR)

Artur Sanhá, um dos principais políticos no PRS e antigo primeiro-ministro, NÃO condenou o golpe de Estado de 6 de Outubro. «Não estamos aqui para condenar ninguém», disse numa conferência de imprensa, por entre a calma no falar em português e a violência da linguagem quando se expressa em crioulo. Francisco Fadul, presidente do PUSD, ainda NÃO reagiu aos acontecimentos. - coisas que acontecem: Fadul viajou numa Terça-feira e o golpe deu-se na Quarta-feira. Na Sexta-feira, a irmã do Koumba foi vista a conduzir o carro de Fadul, na zona de Luanda; Outro ex-primeiro-ministro, Mário Pires, ouviu das boas na oficina Pneucar: «Tu, está calado porque foste dos responsáveis por a Guiné-Bissau ter chegado a este ponto». Ao que consta, nem piou.

sexta-feira, 15 de outubro de 2004

Mensagem do povo da Guiné-Bissau


Fotografia (c) António Aly Silva 2004

quinta-feira, 14 de outubro de 2004

À espera da próxima chamada...


Fotografia (c) António Aly Silva 2004

De que te ris, Koumba?


Fotografia (c) António Aly Silva 2004

Este senhor já passou - mal, muito mal mesmo - pela cadeira do poder na Guiné-Bissau. No dia 6 de Outubro, dia do golpe de Estado, telefonou a uma pessoa às 7 da manhã a dar conta...do sucedido. Koumba, o que é que tu sabes que nós precisamos de saber?...

Silêncio comprometedor


Fotografia (c) António Aly Silva 2004

Não compreendo o silêncio de Francisco Fadul, presidente do PUSD - Partido Unido(?) Social Democrata(?) guineense, sobre o golpe de Estado do passado dia 6 na Guiné-Bissau...temos gato escondido com o rabo de fora? Bom, perguntar não ofende nada mesmo...

quarta-feira, 13 de outubro de 2004

O jornal que é um pasquim



O semanário África, um pasquim que se faz passar por um jornal, é feito apenas com 'picanços' da Agência Lusa. Não se vê, nas suas páginas, uma única reportagem. Apenas entrevistas, fracas - e comentários ou opiniões. Aliás, basta ver a que grupo pertence para se saber que as panelinhas - encomendadas ou forçadas - estão aí para lavar e durar. Por falar em lavagem, cala-te boca... Assim também, poder-se-ia tirar uma edição a cada três dias!
Que saudades - dirá o leitor deste blogue - do quinzenário Lusófono, esse sim, um jornal com...tomates! Tal como o seu dono.

terça-feira, 12 de outubro de 2004

Descansem em paz


Fotografia (c) António Aly Silva 2004-proibida qualquer reprodução

Que a morte do general, do coronel traga, finalmente, a paz. Que os traidores sejam julgados. A amnistia apregoada é UMA VERGONHA NACIONAL!!! Tenham dó e honrem os homens bons, barbaramente assassinados!

Perdemos todos...


Fotografia (c) António Aly Silva 2004-proibida qualquer reprodução

Os tristes acontecimentos do passado dia 6 do corrente, em Bissau, podem, apenas e só servir-nos de lição. Uma vez mais. Importa, entretanto, saber qual o verdadeiro nível dos nossos políticos. A questão, dos tempos de antanho, já tem barbas mas continua a fazer todo o sentido.
A tragédia que se abateu sobre o país com as mortes do general Veríssimo Correia Seabra, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, e do Coronel Domingos Barros, não podem passar impunes: é preciso apurar responsabilidades e punir os culpados para, assim, parar de vez com esta orgia desenfreada de pegar nas armas para resolver problemas.
Também nesta crise, como em todas as outras, soube-se até onde podem regredir os nossos políticos. A linguagem descambou e entrou num nível arruaceiro e irresponsável: é descredibilizante para os políticos, desinteressante para o eleitorado (temos eleições à porta...), afuguentador das massas, e – é isso que preocupa mais – provocante para os ignorantes. Não se pode assassinar um chefe do Estado-Maior General sem que daí se retirem as devidas ilações.
Deu dó ouvir o líder de um partido falar numa conferência de imprensa camuflada: não se lhe ouviu – pese embora a ‘provocação' de alguma comunicação social – nenhuma condenação da sublevação.
Ultrapassar a fasquia do moralmente aceitável é sinal evidente de que ainda não temos políticos preparados para conduzir o país rumo a um clima estável e com uma economia saudável. A gritaria dos nossos políticos da oposição quando a situação exige calma e ponderação, a utilização de raciocínios fáceis e populistas só prejudica o verdadeiro trabalho do político, que deveria ser aquele que dirige - neste caso o PAIGC.
A oposição entrou no desnorte, na perda do sentido de Estado e, sobretudo, de credibilidade. E, nesse caso, não estão cá a fazer nada. Para esse partido da oposição, a utilização do vocabulário arrogante e desmesurado só lhe retira a capacidade de um dia voltar ao Governo; para toda a restante oposição, a linguagem básica é algo normal, assim como alguma provocação, porque essa é a única forma de superar a falta de votos. É algo tão grave que só faz resvalar o pouco nível a que os nossos políticos estão votados.
Uma operação de rejuvenescimento impõe-se na ‘indústria’ dos políticos. Essa limpeza pode começar já depois da crise até porque o verdadeiro perigo está nos ausentes da política, porque esses não se revêm em nada nem em ninguém credível, mas potenciam a abertura das portas aos grupos radicais. É preciso que o mundo pare de nos ver (e ter) como uns grandes animais.

quinta-feira, 7 de outubro de 2004

Rostos e tragédias do Golpe




Fotografias (c) António Aly Silva 2004-(c) AAS 2004-proibida qualquer reprodução

Ditadura do Consenso confirma em primeira mão: São estes os rostos - mas que por enquanto não dão a cara - do recente golpe de Estado na Guiné-Bissau: Bubo Na Tchuto e Tagmé Na Waie. As imagens dos cadáveres são do general Verissimo Correia Seabra e de Domingos Barros (porta-voz do Comité Militar). As imagens de bazuqueiros já fazem, infelizmente, parte do quotidiano bissau-guineense.

terça-feira, 7 de setembro de 2004

A mulher guineense é linda e formosa


Fotografias© António Aly Silva/2004