sexta-feira, 3 de julho de 2015

DIRECTO DC/ANP/PR: "Nunca disse que o Governo vai cair"


- Guineenses, trabalhamos muito pouco e talvez por isso ha tanto tempo para boatos e especulações
- estou preocupado é com o trabalho e o aumento da produtividade
- serei um polícia do Governo e um bombeiro em caso de crise
- Povo nao me elegeu para ser passivo
- Corrupção e desvio da coisa pública estão a minar o país
- numa perspectiva pedagógica as relações entre os órgãos de soberania PODIAM ser melhores
- temos de abandonar a zona de conforto
- o ambiente institucional em que actualmente vivemos, se nao tivesse sido gerido com sabedoria, podia descambar em outras medidas

DIRECTO DC/ANP: Fala o PR


- Prometi trabalho, justiça e rigor na utilização da coisa pública.
- Ultimos 12 meses foram marcados por muitas coisas...
- tenho acompanhado com atenção movimentações
- muita coisa foi dita, especulações
- Enquanto PR os rumores sao infundados, alias, nunca demonstrei tais intenções
- o PR nao se move por rumores ou especulacoes e nem tao pouco insinuacoes
- nunca o PR se pronunciou sobre a queda do governo
- Esta mensagem à nacao visa sobretudo estancar esta hemorragia de boatos

DIRECTO DC/ANP: PR José Mário Vaz começou o seu discurso. AAS

DIRECTO DC/ANP: Neste momento fala o presidente da ANP Cipriano Cassama. AAS

DIRECTO DC/ANP: PR José Mário Vaz acaba de entrar no hemiciclo. AAS


DIRECTO DC/ANP: Secretário de Estado, Idelfrides Fernandes, está no Parlamento, nos lugares reservados aos membros do Governo. AAS


DIRECTO DC/DISCURSO À NAÇÃO DO CHEFE DE ESTADO: Só falta chegar o Presidente da República, José Mário Vaz. AAS


quinta-feira, 2 de julho de 2015

EXCLUSIVO DC: O Presidente da República, José Mário Vaz, dirige uma mensagem à Nação, amanhã, no parlamento. AAS

Viva o Rei: D. Duarte, Duque de Bragança, de visita à Guiné-Bissau


Desde a passada sexta-feira que Sua Alteza Real, o D. Duarte, Duque de Bragança, está de visita à Guiné-Bissau. No sábado, viajou de lancha até Bubaque, nos Bijagós, onde reencontrou o régulo, que já o havia acolhido em 1968, tendo conversado durante largo período de tempo.



Visitou a missão católica desta ilha, falando com o padre Luigi, que tem um interessante projecto de uma escola agrícola. D. Duarte é, de resto, um notável estudioso da cultura do povo bijagó.

O Duque de Bragança reuniu também com outros régulos do arquipélago que, na circunstância, o surpreenderam com uma agradável recepção, onde não faltou a exibição de danças tradicionais. A visita incluiu também as magníficas praias de Bruce e da ilha de Rubane, onde se encontra um hotel que goza de merecida fama a nível internacional.

De regresso a Bissau, jantou com o Presidente da República, José Mário Vaz, no dia 29, e no dia a seguir reuniu com o Primeiro-Ministro, Domingos Simões Pereira, com o ministro da Agricultura e também com Miguel Trovoada, representante das Nações Unidas. Jantou com o embaixador de Portugal e com o representante da União Europeia.

Reuniu ainda com o IBAP - Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas, com vista à concretização de um projecto de desenvolvimento rural sustentável desenvolvido pela Fundação D. Manuel II, em colaboração com a Cooperação Portuguesa.

Visivelmente agradado e agradecido pela forma como foi recebido na Guiné-Bissau, lamentou que, por falta de tempo, não tenha conseguido rever muitos dos seus amigos guineenses, mas afirmou contar voltar em breve acompanhado da sua Família. Sua Alteza Real, o D. Duarte, Duque de Bragança, regressa a Lisboa amanhã, dia 3.

COMBATE À CORRUPÇÃO: Ninguém manda na Procuradoria Geral da República


O ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Lopes da Rosa, terá feito saber que assim que regressar ao país (encontra-se fora há mais de três semanas) irá apresentar-se no Ministério Público para ser ouvido num processo pela sua desastrosa passagem pela secretaria de Estado das Pescas no período nefasto da 'transição'.

Ditadura do Consenso sabe que agentes da Polícia Judiciária estiveram mesmo no palácio do Governo a fim de cumprir o mandado de detenção - mas o ministro estava na altura na África do Sul. Tal facto deixou o primeiro-ministro bastante desconfortável e irritado.

Uma fonte bem colocada adianta ainda que, para além de fortes indícios de práticas de corrupção na passagem pelas Pescas, suspeita-se que Mário Lopes da Rosa terá 'comprado' a pasta dos Negócios Estrangeiros tendo como intermediários duas históricas figuras do PAIGC. O ministério Público quer tudo limpinho, limpinho, limpinho...

Lopes da Rosa pretende com essa intenção, evitar uma detenção pública a exemplo do que aconteceu com o seu colega de Governo, Idelfrides Fernandes, suspeito da venda de passaportes de serviço a cidadãos chineses, tendo para o mesmo efeito sido já ouvidos o embaixador da Guiné-Bissau na China, Malam Sambu, e o cônsul John Lo.

O mote para que a PGR apressasse as diligências foi dado pelo próprio Presidente da República, José Mário Vaz, na véspera do 1º de maio: "Há muita corrupção na governação", disparou JOMAV. E quando um Presidente da República fala assim, claramente... AAS

Atenção Casa da Guiné-Bissau no Porto: Apertem os cintos...escândalos e mais escândalos. AAS

<<<<< Já votou na nova sondagem DC? <<<<< AAS

UA apela a entendimento entre dirigentes na Guiné-Bissau


A União Africana (UA) manufestou-se preocupada com a tensão na Guiné-Bissau entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, anunciou hoje a organização em comunicado. O comissário para a Paz e Segurança da UA, Smail Chergui, mostra preocupação face à "tensão entre dirigentes políticos", refere o documento, sem nunca referir nomes ou cargos.

A declaração surge numa altura em que a relação política entre o Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, e o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, tem centrado atenções.

"Se não for rapidamente circunscrita, a situação atual pode comprometer os progressos já alcançados e complicar os esforços empregues para mobilizar apoio internacional necessário para a Guiné-Bissau", refere-se no comunicado, que cita Smail Chergui.

As declarações foram feitas na quinta-feira, na sede da UA, em Addis Abeba, capital da Etiópia, num encontro com dois membros do Governo da Guiné-Bissau: Mário Lopes da Rosa, ministro dos Negócios Estrangeiros, e Cadi Seidi, ministra da Defesa.

Apesar de sublinhar os progressos realizados desde as eleições de 2014, o representante da UA expressou a sua preocupação sobre a situação política.

Smail Chergui exortou todas as partes a trabalhar em prol de uma "grande coesão, a acelerar as reformas do setor da segurança, a promover a justiça e reconciliação e ainda a relançar a economia".

Auscultado pelos veteranos do partido no poder e que o elegeu, o PAIGC, o chefe de Estado disse estar na posse de dossiês que põem em causa a autoridade moral de alguns membros do Governo e que essa é a razão das divergências.

Entretanto, o PAIGC e o parlamento aprovaram na última semana moções de apoio a Domingos Simões Pereira e ao Governo, apelando ao diálogo entre todos - algo que o primeiro-ministro acredita que será mais fácil depois do afastamento de dois dirigentes políticos na última semana.

Baciro Dja demitiu-se do cargo de ministro da Presidência do Conselho de Ministros e Abel Gomes abandonou o secretariado-nacional do PAIGC. lusa

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quarta-feira, 1 de julho de 2015

BALDAS NA FUNÇÃO PÚBLICA COM OS DIAS CONTADOS: Sistema de ponto biométrico vai caçar os faltosos. AAS



Ademiro Nelson Belo, ministro da Função Pública, apresenta o 'caça-baldas'. Para já, só funciona no seu ministério mas espera-se que chegue a todos.

CRÓNICA: Trezentos e Sessenta e Cinco


Por: Geraldo Martins
Ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau

Estava um dia quente e abafado. As nuvens húmidas do final do mês de Junho haviam dispersado no céu em franjas brancas como algodão doce e o calor sufocante do início da tarde convidava para um mergulho nas águas de um mar tépido e calmo.

Saí de casa no meu Ford Edge 2009 e dirigi-me para um gabinete médico situado a pouco menos de quinhentos metros, no mítico bairro de Mermoz, em Dakar.

Quando o meu condutor parou completamente a viatura, desci do carro, atravessei precipitadamente o pequeno portão metálico esverdeado e entrei no edifício, após tocar levemente a campainha.

– É para a consulta com a Dra Silvye – disse em voz baixa à recepcionista.

Ela mandou-me sentar, após ter-me identificado nos ficheiros. Prostrado num sofá na sala de espera, pus-me a folhear as revistas espalhadas por cima da mesinha à minha frente, de vez em quando levantando a cabeça para olhar para a televisão afixada num canto da parede.

Alguns minutos depois, a recepcionista fez-me sinal para me dirigir ao consultório da Dr. Silvye. Levantei-me e dei alguns passos. Já no meio do corredor, um sincrónico clique do meu iphone 4 despertou a minha atenção. Parei, hesitando se devia logo ler a mensagem ou deixar para depois. Uns cinco segundos depois, carreguei no botão para iluminar o écran e vi a mensagem.

Estremeci.

Num instante, senti a adrenalina a atravessar o meu corpo. A ansiedade é uma desordem difícil de controlar. É óbvio que eu sabia que aquela mensagem estaria a caminho, podendo chegar a qualquer momento. Ainda assim, o meu coração deu um ligeiro pulo de susto quando li o texto:

DSP
TOMADA DE POSSE DO GOVERNO AMANHÃ À TARDE.

Já dentro do consultório, enquanto a Dra Silvye me ajeitava suavemente o pescoço diante de um sofisticado aparelho, preparando-se para medir a minha tensão ocular, eu pensava na profunda mudança na minha vida a partir daquele momento.

Ia largar um emprego que me fazia feliz. O que quer que se diga, trabalhar no Banco mundial é uma experiência fabulosa. Não conheço nenhuma outra organização no mundo com tamanha concentração de talentos, onde se aprende todos os dias e onde o conhecimento é a coisa mais bem partilhada. Além disso, o emprego dava-me uma confortável estabilidade financeira.

Mas o que mais me afligia é que não poderia levar a minha família para Bissau. Sentiria falta do abraço caloroso dos meus filhos quando chegava à casa ao início da noite e o Denzel, o Geovani e a Mamy se apressavam para me despir ainda na sala, cada um depois levando uma peça de roupa para o quarto lá em cima. Todavia, a decisão estava tomada e não havia mais voltas a dar. No dia seguinte, peguei o primeiro voo e aterrei em Bissau.

Eis que passaram trezentos e sessenta e cinco dias desde aquela tarde em que recebi o sms no meio de um consultório. Trezentos e sessenta e cinco dias durante os quais participei num esforço complexo de governação do país.

Olhando as coisas em retrospectiva, em que estou a pensar?

Aconteceram várias coisas e vivemos muitas peripécias. Mas penso que dois fenómenos estão sobretudo a definir a nossa sociedade hoje – o restabelecimento do contrato social e a mudança do debate público.

Pouco a pouco, a crença de que o Estado é capaz de ser um provedor de bens públicos está a instalar-se. Os salários de todos os servidores públicos, incluindo o pessoal das representações diplomáticas, estão a ser pagos regularmente. O país está a honrar cabalmente as suas obrigações de pagamento do serviço da dívida externa. As casas das famílias em Bissau têm luz eléctrica e água canalizada quase vinte e quatro horas por dia. A iluminação pública chegou a 28 vilas do interior, dando vida nocturna a essas localidades. O ano lectivo 2014/2015 iniciou-se a tempo e vai concluir a tempo, sem grandes sobressaltos e com os programas cumpridos.

Além disso, as estradas de Bissau estão a ser reabilitadas. Graças em parte a políticas públicas correctas, os produtores de castanha de caju desfrutaram de preços recordes este ano. Estima-se que globalmente os seus rendimentos possam atingir este ano 70 mil milhões de FCFA, ou o equivalente a metade do Orçamento Geral do Estado da Guiné-Bissau em 2015.

O efeito combinado de tudo isto é que o país crescerá entre 4,5% e 5% em 2015. Muitas destas coisas não aconteciam há muito tempo ou nunca antes tinham acontecido. Progressos também estão a ter lugar em áreas intangíveis. Algumas reformas, c0mo a reforma das forças de defesa e segurança e a reforma da fiscalidade, foram iniciadas, embora os seus resultados só serão visíveis dentro de dois a três anos.

O segundo fenómeno é que o centro de gravidade do debate público está progressivamente a mover-se de: ´as-coisas-não-estão-a-ser-feitas´ para ´as-coisas-podiam-ter-sido-mais-bem-feitas`. Isto é fantástico, pois mostra que o país está a passar da paralisia para a acção. As pessoas estão a exprimir livremente as suas opiniões. Devemos encorajar esta tendência, apelando, contudo, a que se exprimam com respeito e elegância.

Mas não tenho ilusões. As coisas não têm sido fáceis. O que fizemos é muito pouco diante daquilo que há por fazer. No meio de tudo isto, cometemos erros, e por vezes, não estivemos à altura das expectativas. Sei que, involuntariamente, ainda havemos de cometer erros. O progresso não é um processo linear. Ele é feito de avanços e recuos. O caminho a percorrer é espinhoso; as montanhas a escalar são agrestes. Nesta caminhada, estamos constantemente a experimentar uma mistura de emoções antagónicas – satisfação, frustração, esperança, dúvida, celebração, etc.

Algumas coisas me têm frustrado. Tenho visto pessoas dedicarem-se apaixonadamente àquilo que é absolutamente supérfluo e insano. Gostava de ver os meus concidadãos a ocuparem-se mais das coisas que sabem fazer e a falarem menos das coisas de que não sabem; gostaria de ver algumas pessoas a pensarem três ou quatro vezes antes de espalharem uma mentira aos quatro ventos, causando mal a pessoas de bem. É preciso perceber uma coisa. A verdade e a mentira falam em tons diferentes. A verdade não precisa falar alto. Até o silêncio basta-lhe. A mentira, ao contrário, precisa gritar para se fazer ouvir. Por isso, acaba sempre por dominar o ruído de fundo.

Mas há também muitas coisas que me deixam feliz. Tenho sido inspirado por um leque de pessoas talentosas que eu tenho encontrado, algumas delas ainda muito jovens e promissoras. Tenho tentado aprender com a humildade das nossas populações que se contentam com pouco e vivem com dignidade.

Estes exemplos têm-me lembrado que na minha posição é preciso permanentemente verificar se os nossos valores fundamentais (rigor, integridade e humildade) estão vivos. É o que tenho tentado fazer todos os dias. Não sou perfeito, nem pretendo ser. Porém, tal como muitos que tenho conhecido, busco constantemente a excelência. Motivado pelos seus exemplos, levanto-me diariamente de manhã com uma enorme vontade de trabalhar mais e melhor.

Sinto orgulho de ter participado em alguns momentos marcantes deste processo. A preparação do Plano Estratégico 2015-2025 Terra Ranka foi um desses momentos. Hoje, a Guiné-Bissau dispõe de uma visão clara de desenvolvimento amplamente sufragada pelos Guineenses.

Por outro lado, Bruxelas teve um significado particular para mim. Nos meus ombros recaía a enorme responsabilidade de apresentar o Plano Estratégico à comunidade internacional naquele inesquecível dia 25 de Março de 2015. Medindo o dever, eu vivia o momento com paixão. Surpreendentemente, estava a controlar bem o nervosismo durante os três dias que precederam o evento.

Em Bruxelas, costumávamos almoçar num restaurante Indiano, na rua que separa o hotel Silken Berlaymont, onde estávamos alojados, da sede da União Europeia. No dia 24 de Março, durante o almoço, senti de repente medo de comer. A comida Indiana é muito picante. E eu gosto de comida picante. Porém, um mau pensamento começou a invadir a minha mente. E se eu comer o picante e o meu intestino se puser a resmungar no dia seguinte?

E se eu me levantar no dia seguinte com dor de cabeça ou com febre? No final do almoço, deixámos o restaurante e começámos a caminhar de volta ao hotel. A certa altura, DSP tocou-me levemente no ombro e disse-me para olhar para o alto lá ao fundo, indicando com a mão esquerda. Levantei a cabeça e vi aquela imagem. A bandeira da Guiné-Bissau estava a flutuar, sozinha, na sede da União Europeia. O sangue arrepiou-me até às profundezas da minha alma.

No dia seguinte, nada do que eu temia aconteceu.

A reunião foi um sucesso. O principal resultado de Bruxelas não é a substancial soma de dinheiro que foi prometida. O principal resultado de Bruxelas é o respeito que o país voltou a ganhar no seio da comunidade internacional. Enquanto Guineense, sinto muito orgulho nisso.

Hoje, apesar das muitas peripécias, quero dizer-vos que acredito sinceramente no futuro do nosso país. Estou confiante de que, enquanto Nação, podemos juntos triunfar, porque a força centrípeta daquilo que nos une é bem maior do que a força centrífuga daquilo que nos separa.

Ao entrarmos no segundo ano da governação, quero agradecer a Deus por me dar saúde para continuar a caminhar.
Agradeço à minha esposa pelo seu apoio indefectível. Agradeço aos meus filhos pela sua paciência. Agradeço particularmente à Mamy por ter aceite graciosamente prescindir das minhas cómicas histórias sobre Fantôme Robot, na hora de ir para a cama.

Agradeço a todos os meus amigos pelo vosso apoio e pelas vossas orações.

Que Deus vos abençoe.

Bissau, 30 de Junho de 2015